quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Exame Nacional para o Ensino Superior


Nos últimos anos, governos de estados brasileiros têm criado sistemas de estímulo aos professores do ensino fundamental que associam ao desempenho dos alunos gratificações para os professores. É uma forma de atrair e manter na carreira docente profissionais melhor qualificados. E de premiar os que se interessam em que os seus alunos aprendam.
O ensino médio, que se revelou decisivo para o salto rumo ao desenvolvimento de países de diferentes continentes, entre nós permanece envolto em maiores incertezas. Nesse nível, não basta agir do lado da demanda do trabalho, pagando melhor por melhores profissionais. Há escassez de bons profissionais para serem contratados, porque a Universidade não consegue atrair para os cursos de licenciatura bons alunos em quantidade suficiente.
E aqui chegamos ao ponto crítico: o ensino superior. Uma universidade em que a pesquisa é forte atrai bons estudantes para os cursos ligados ao conhecimento. Mas, temos aqui um círculo, porque para desenvolver a pesquisa a universidade precisa atrair os mais capazes.
A carreira acadêmica precisa atrair jovens capazes. A nova lei sobre o magistério superior avança nesse sentido ao eliminar os concursos para cargos intermediários da carreira. Os cargos intermediários, para os quais vinham sendo abertos praticamente todos os concursos, exigem titulação, obrigando as pessoas atraídas pela carreira a passarem antes pela posição de alunos de pós-graduação.
A exigência de pós-graduação em área de competência do departamento, além da restrição a candidatura de estrangeiros, limitava a inscrição em cada concurso a um punhado de candidatos. Na escolha entre eles, empregava-se, via de regra, uma prova de duas ou três questões dissertativas, uma apresentação oral e a análise do curriculum vitae, em que o candidato esclarecia o departamento em que obtivera seu título de pós-graduação e, caso tivesse publicações, quem eram seus co-autores.
O equívoco de aplicar esse sistema no Brasil é maior porque o processo de admissão na pós-graduação é, entre nós, também, em muitos casos, completamente errado. Um exemplo do modelo que aqui prevalece vi praticado na seleção para ingresso em 2013 nos cursos de mestrado e doutorado de uma universidade que é considerada a mais importante (para alguns a única) universidade particular de pesquisa do país. Prova escrita com apenas duas questões com questões diferentes para os candidatos interessados em cada diferente linha de pesquisa. Uma entrevista sobre cuja matéria nada é informado no edital. São levados em conta ainda, cartas de referência, curriculum vitae exposto de forma ampliada em um memorial e anteprojeto em que o candidato demonstre conhecer o que deverá vir a aprender a pesquisar no curso. Não há informação sobre como essas diferentes avaliações são realizadas, mas delas é extraída uma ordenação final dos candidatos, da qual não se admite contestação.
O suposto aproveitamento de tão disparatada informação e a arrogância em não expor o algoritmo empregado na avaliação faz crer que sofisticados recursos psicológicos são empregados na avaliação dos candidatos a esse curso. Para quem conhece o assunto, é claro que não é nada disso. Pedi informações à coordenadora da pós-graduação e não obtive resposta. Seleções assim, o padrão no nosso meio acadêmico, refletem, simplesmente, a incapacidade dos professores de medir seriamente e o seu horror à medição objetiva. Entretanto, a admissão dos melhores candidatos seria a única esperança de correção nas áreas ocupadas por professores com essas limitações.
Não sei se a nova lei vai vingar. Mas, vejo essa mudança como boa ocasião para um passo mais largo para o sistema de seleção dos meus sonhos para a carreira do magistério superior no Brasil.  Seria substituir os departamentos acadêmicos na administração dos concursos por um sistema unificado nacional. Isso deixaria claras para todos as possibilidades de ingresso na carreira e dispensaria os candidatos de deslocar-se até cada departamento em busca de vaga.
Melhor ainda se, em cada concurso, universidades públicas e privadas de locais e áreas do conhecimento diferentes disputassem com salários diferenciados os melhores candidatos. Com uma classificação nacional baseada em atributos fundamentais, cada região e área de pesquisa poderia, oferecendo melhores salários, disputar os melhores professores para os seus alunos. A possibilidade de serem escolhidos para as melhores posições na academia em concursos realizados com plena transparência seria a forma de atrair para a pesquisa os jovens com maior potencial para desenvolvê-la.

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