terça-feira, 20 de agosto de 2019

Eduque-se



O FUTURE-SE reúne um conjunto de iniciativas que devem ser apoiadas. Merece ser aperfeiçoado. 

O objetivo de fomento à pesquisa e à inovação tecnológica, no âmbito do Ministério da Educação, entretanto, me parece prescindir de mudança na estrutura de gestão das IFES. Há formas mais simples de favorecer a aproximação entre a pesquisa acadêmica e a inovação nas empresas. Nas áreas em que uma as duas é forte, a outra acaba por fortalecer-se, desde que se eliminem as barreiras criadas para proteger a incompetência. 

A política de ampliação do apoio das universidades à inovação nas empresas deve ser desenvolvida no âmbito do Ministério da Ciência. O Ministério da Educação deve apenas zelar para que obstáculos burocráticos não dificultem esse apoio. Por exemplo, a aprovação de projetos de pesquisa e extensão deve ser atribuição dos Departamentos e deve ser restrita aos aspectos científicos dos mesmos. Não deve incluir a análise financeira. As empresas não devem ser obrigadas a divulgar antecipadamente os valores que pagarão aos professores. Esses valores poderão variar em função dos resultados obtidos. Não se deve esperar grandes produtos da pesquisa aplicada e inovação se o seu pagamento é pré-fixado. 

Por outro lado, no estrito âmbito da Educação, podem ser criadas políticas para ampliar substancialmente o papel das universidades públicas. As IFES podem ser usadas para suprir as deficiências da formação oferecida nos três níveis da educação em um programa universal de completamento permanente educação, cuja urgência e importância são máximas. Esse programa, de ensino à distância, incluiria, de um lado, a requalificação permanente dos profissionais formados e, de outro, a correção da formação básica nos níveis do ensino fundamental e médio. Teria o apoio dos professores universitários se sua participação nos mesmos tivesse seu valor reconhecido. Uma forma de oferecer tal reconhecimento seria incluir nos instrumentos de avaliação usados para as progressões na carreira docente a avaliação objetiva dessa participação. Somente uma pequena proporção dos departamentos, classificados como de pesquisa pela participação de seus professores em projetos de pesquisa bem avaliados pelo CNPq, teria seus docentes avaliados pela sua produção científica. Todos os outros seriam avaliados pelos resultados da sua participação nos cursos da IFES e no programa universal de completamento permanente da educação. 

Complementarmente, a participação discente nesses programas deveria ser estimulada por bolsas de estudo que seriam o embrião de um futuro programa brasileiro de renda mínima universal.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Cristãos de Direita?

Quando bispos criam partidos políticos e se orgulham de influenciar presidentes que se anunciam como representantes de Deus, duvido da sua fé. 

Quando o Espírito do Amor de Jesus está vivo em seu coração, você se percebe como um pequeno membro de uma humanidade claudicante, carregada nos braços do Pai de Todos. Uma humanidade com um destino conjunto. Então, as suas decisões particulares levam em conta os pensamentos e interesses de todos os homens. A atenção ao Pai resulta em atenção aos que Ele ama e provoca o crescimento em quem o oferece do sentimento de pertencimento e solidariedade. 

Constitui-se desse modo a moderação como a virtude cardial do cristão na política. A moderação é a atenção à variada vontade dos outros em torno de nós, a disposição de apoiar os que têm menos força para sobreviver. Por isso, ela é um sinal da presença de Deus no coração do homem. Líderes autoritários não são cristãos. 

A paz sai do interior do homem para sua vida política e social, porque a alegria de estar com Jesus resulta em aceitar o outro. Por hospedar o amor, o cristão não reage extremadamente a atitudes extremas de quem quer que seja, mas, ao contrário, reconhece o valor de todas as manifestações da vontade, do sentimento e da inteligência humana. 

O representante cristão na democracia não defende o interesse de uma parcela da sociedade, mesmo de uma parcela que se identifique como seguidora de uma religião. Pelo contrário, busca o bem de todos. E procura contribuir para que esta seja também a vontade da maioria e dos governantes por ela eleitos. À opção de representar um grupo superior, o grupo dos bons, prefere a opção de seguir Jesus, que ama bons e maus.

sábado, 17 de novembro de 2018

Partidos sem Igrejas

Na cauda de uma campanha eleitoral em que ganharam muitos votos combatendo a educação sexual nas escolas, os políticos do “kit gay” estão agora organizando manifestações nas portas das faculdades em defesa de “Escola sem Partido”. Sustentam a tese de que os professores têm preferência pela esquerda e é preciso proibi-los de fazer propaganda política em suas aulas. 

É claro que tão odiosa quanto o abuso sexual é a exploração da generosidade dos estudantes por políticos que se aproveitem da posição de serem professores. Por outro lado, assim como na educação sexual, na educação cívica as instituições de ensino podem prestar importante ajuda a uma sociedade combalida. 

Vejo essa nova campanha como aplicação do princípio de que a melhor defesa é o ataque. Em vez do detestável uso da autoridade do professor para conquistar votos, o que tem de estar em pauta hoje é a escandalosa participação de líderes religiosos nas últimas eleições. Em vez de tirar os partidos de dentro das escolas , o importante hoje é tirar algumas igrejas de dentro de alguns partidos.. 

Tão absurda quanto a pretensão de eliminar a presença da política nas escolas seria a de eliminá-la das igrejas. Em toda igreja, espero que se discuta política. Ou não seria política a discussão da miséria e do crime e da busca de formas de combatê-los? 

O que os locais de culto religioso viram na última eleição brasileira, porém, não foi isso. Não chegamos ainda à disputa sectária pelo poder como nas velhas guerras religiosas que ainda vemos ocorrer em outros países. Mas, a exploração do nome de Deus e do rótulo de bom foi um passo largo nessa direção. Dezenas de candidatos usaram para eleger-se o título de bispo e pastor. Outros se elegeram expondo no horário eleitoral suas fotos ao lado de tais figuras. 

Em vez de ir apoiá-las na porta das escolas, precisaríamos é ir para a porta das igrejas dessas pessoas pedir aos fiéis que não reelejam mais quem use o nome de Deus em suas campanhas. Perguntar-lhes o que pensam do uso eleitoral de emissoras de rádio e TV que foram criadas com doações de dizimistas que queriam fazer proselitismo religioso. Informá-los de que há no Brasil partidos criados e dominados por exploradores da religiosidade ingênua.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!

Neste segundo turno da eleição presidencial brasileira, a escolha para o cristão é muito simples. Para o cristão, é muito fácil identificar o pior dos dois candidatos. É aquele candidato que toma como bandeira a palavra de Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”! Porque, enquanto a verdade a que Cristo se refere é Ele mesmo, o Amor, que conduz à justiça e à moderação, esse candidato, que se faz a si mesmo o dono da verdade, oferece exceção de ilicitude a quem mate em nome das “pessoas de bem”. Nesta eleição, o Mal está presente, sem dúvida, dos dois lados, na corrupção dos políticos que a Justiça vem condenando. Mas, está redobrado na candidatura que diz que há corrupção porque há defesa dos direitos humanos, que se aliou a líderes religiosos que assentam sua liderança na divisão das pessoas entre os bons (os que temem a Deus e lhes vêm pagar o dízimo) e os maus (os outros), que usa em sua campanha uma rede de profissionais em serviços de informação especialistas em espalhar calúnias. Isto aconteceu na Alemanha no século XX e está acontecendo de novo em um número crescente de países. Os cristãos, hoje no Brasil, são poucos e devem estar preparados para, como Dietrich Bonhoeffer, Edith Stein, Maximiliano Kolbe e muitos mais ontem na Europa, morrer nas mãos dos fariseus de sempre.

domingo, 7 de outubro de 2018

Governo fraco pode significar Povo forte. Ou não.


É hora de aceitar com resignação e amor mais quatro anos de atraso. E esperar que as limitações intelectuais e vulnerabilidades morais do presidente eleito não o impeçam de levar seu mandato até o fim.

Marina conseguiu dar divulgação a alguns projetos simples: o da energia solar, o dos cientistas estrangeiros, bolsas de estudos no ensino médio, limites à reeleição! Quem vencer poderá aproveitá-las. E temos de festejar porque, apesar de tudo, com mais uma rodada de eleições  a prática do debate de ideias sempre ganha algum espaço. 

Junto com a gente, foi derrotado o Establishment. A Imprensa teve sua pretensão de isenção ridicularizada pela ausência no grande debate do candidato que ao mesmo tempo fazia campanha sozinho no canal que o apoiava. Os grandes partidos começaram a derreter quando, não contentes com o gigantesco fundo eleitoral que se deram, ainda foram brigar pelo quinhão do Centrão. O Judiciário foi derrotado pela tentação do poder: em vez de admitir a inconstitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, preferiu valer-se dela e acabou transformando um símbolo da corrupção mais vergonhosa em símbolo de resistência democrática. 

A vitória nas urnas geralmente premia a mais torpe campanha. Mas, costuma poder ser associada ao apoio de algum setor importante da sociedade. Desta vez, ao contrário, só se vê rejeição aos vencedores. O Brasil terá um presidente espantosamente fraco. É preciso que os sensatos se unam para evitar o pior. A Imprensa, o Supremo, os políticos de tradição, estonteados pela derrota nas urnas, poderão, como meio século atrás, ceder à tentação do “endurecimento do regime para restaurar a ordem”. 

A democracia é frágil e, com frequência, o governo cai nas mãos de malfeitores. Mas, mesmo frágil, a própria democracia acabará por derrotá-los. Ainda que não estejamos mais aqui para comemorar. O primeiro dever dos democratas é pugnar por eleições mais limpas, mesmo que nunca o tenham sido nem nunca o venham a ser.


sábado, 22 de setembro de 2018

Amigo Eleitor


Dirijo-me a você que, pelas pesquisas, parece estar decidido a votar em um de dois candidatos em extremos opostos.

Um desses candidatos lhe promete manter a ordem a ferro e fogo. Quando pessoas assim chegam ao poder, sabemos o que esperar: abuso, violência contra o cidadão, decisões erradas tomadas sem controle. Ele já começou a atacar as eleições, acusando as urnas eletrônicas. O ídolo dele é um general que comandou a tortura no governo militar. 

O outro promete felicidade para todos, por conta do governo. Quando pessoas assim chegam ao poder, sabemos o que esperar: mentira, fraude, corrupção sem freio. Ele já começou a atacar a Justiça, desqualificando as delações premiadas. O ídolo dele é o presidente que comandou o mensalão e o petrolão. 

Se você pensa em votar num porque está revoltado com as propinas do outro ou porque está revoltado com as mordomias do outro, não vote em nenhum dos dois. 

Nesta eleição, o tempo dado aos candidatos para exporem suas ideias é escandalosamente desigual e os que têm mais recursos para propaganda também estão envolvidos até o pescoço na corrupção. Mas, há uma candidata com uma história que nos permite confiar, em seu espírito público tanto quanto em sua honestidade. Seu nome é Marina Silva.

sábado, 15 de setembro de 2018

Fake News


Todos nós, aqui no Ocidente, conhecemos pelo menos um caso em que pessoas profundamente religiosas realizaram uma difamação com consequência trágica. Lembro disso ao ver, nesta campanha eleitoral, amigos meus ajudarem a inundar as redes sociais com ataques à honra do marido de Marina Silva. 

As acusações são antigas e sem fundamento. Mas, as pessoas se dão o direito da dúvida. Podem encontrar na internet provas de que as informações que receberam são falsas, mas imaginam: quem sabe se não será provado mais tarde que os desmentidos é que eram falsos. E divulgam a versão que lhes agrada.

O marido de Marina, Fábio, foi fundador de uma ONG que negociava madeira e foi subsecretário do governo do Acre. Isso permite qualificá-lo como madeireiro e como político e sujeitá-lo a má vontade que o eleitor possa ter com essas qualificações. Se você concorda que isso não faz dele uma pessoa má, peço que continue lendo.

A primeira acusação diz respeito a uma doação de madeira do IBAMA à tal ONG. A doação foi feita quatro anos depois de Fábio ter-se desligado da ONG. O MPF foi instado pela própria Marina a investigar o caso e ele foi cabalmente inocentado.

A segunda acusação é de ter aprovado um projeto de que resultou prejuízo para a SUDAM. Fábio é, de fato, réu, há quase vinte anos, em uma ação cível, junto com todos os que votaram a favor na reunião em que o projeto foi aprovado. Ele compareceu à tal reunião, mas, sem direito a voto, enviado para representar excepcionalmente o governador do seu estado.

Essas são as bases dos ataques, divulgados para sustentar que Marina não é menos corrupta que seus adversários. 

O que você pode fazer a respeito? Pedir uma bacia com água e lavar as mãos? Uma alternativa melhor: procure se informar sobre os programas dos principais candidatos. 

Para defender-se dessas infâmias, a campanha de Marina é forçada a gastar o que não tem: o Congresso aprovou em 2017 uma divisão dos recursos públicos para as campanhas que atribui a Marina uma migalha do que dá ao Centrão e ao PT. Se você quiser ajudar a equilibrar a disputa, faça uma doação. Vá até https://www. doemarina.com.br.