sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Cobaias Humanas

Os Black bocs paulistas subiram no meu conceito. Abandonaram seus aliados sindicalistas e foram dar trabalho à polícia praticando suas diatribes em manifestação a favor dos quadrúpedes.

Não é possível convencê-los de que, enquanto não estamos preparados para contê-las por outros meios, o benefício publicitário que esperam de suas depredações para a causa do combate à repressão é inferior à perda que causam. Perda que se mede em justificativa para contratação de mais policiais trogloditas, que se tornarão torturadores, e mais advogados idiotas, que se tornarão legisladores. O prejuízo nessa equação só não é evidente para eles e para os que os utilizam como cobaias humanas.

Todo mundo desconfia, menos os jornalistas e os advogados do Brasil, que as manifestações deste ano nas nossas grandes cidades são obra de uma organização criminosa. Se se deve procurar prender os líderes dessa organização, é outra história. Sobretudo se, para encontrá-los, já se tornar necessário vasculhar casas legislativas, comissões da OAB e redações de jornais.

Investigar se os Black boçs presos participam de uma tal organização como definida em lei e garantir o seu direito de defender-se em liberdade de acusações a respeito são atividades da polícia e dos advogados a que a sociedade não se pode opor. Assim, aumenta o espaço de atuação das organizações parasitárias que florescem em torno da defesa da lei e da ordem.

Enquanto para os humanos a conquista da liberdade passa por vencer todas as boçalidades, os irracionais não tem outra forma de defender-se senão mordendo e arranhando. Sua defesa encontra nos Black boças legítimos representantes.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Faltam Professores

Mereceu destaque na Imprensa a decisão do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE), em assembleia realizada na quarta-feira passada, de “apoio incondicional aos Black Blocs” e de “organizar um grupo de autodefesa da categoria para os próximos atos”.
A baixa qualidade da Educação é uma das causas mais importantes da pobreza do Brasil. E o problema da nossa Educação passa pelos nossos educadores. Os sindicatos dos educadores poderiam ajudar a enfrentar o problema, se, em vez de empenhar-se em transformar profissionais da educação em lutadores de rua, lutassem por melhores salários para os melhores professores.
Com a baixa remuneração do magistério, só o amor ao magistério atrai professores qualificados para ensinar Matemática, Linguagens e Ciências da Natureza. Com falta de tais professores, a estrutura curricular do nosso ensino fundamental e médio reserva um grande espaço para áreas do conhecimento em que é mais fácil formar professores e para os especialistas das quais não há demanda em outros setores do mercado de trabalho. Ocorre que a contribuição das disciplinas escolares dessas áreas para a formação das crianças é, hoje em dia, dispensável. Na verdade, tal contribuição é muitas vezes negativa, pois, de casa, os estudantes poderão encontrar na internet fontes mais esclarecidas.
Para formar professores para disciplinas de Ciências Sociais, Artes e semelhantes, são oferecidos cursos superiores para o ingresso nos quais jovens de péssimo desempenho no Vestibular são aceitos e, uma vez aceitos, são levados adiante até formar-se mediante práticas de repetição de informações estereotipadas, adesão a ideologias e submissão a lideranças personalistas. Isto nos conduz a um quadro de professores em que é grande a parcela dos que desprezam o raciocínio e, em oposição, valorizam o voluntarismo, o adesismo e outros traços de caráter do âmbito da vontade e da afetividade.
Juntam-se a estes, outros cuja verdadeira vocação é para a política. Esses artistas, sociólogos e políticos que não encontram emprego nas profissões que desejariam ter vêm a constituir a liderança sindical dos educadores.
Tenho uma proposta de reforma da educação brasileira que afastaria de vez da escola a maior parte das lideranças do SEPE junto com seus grupos de autodefesa. Em uma primeira etapa, seriam extintas as classes de Ciências Sociais e Artes e mantidas apenas as disciplinas em que técnicas de raciocínio mais complexas são ensinadas, com a carga de aulas permitida pela quantidade de professores qualificados hoje disponíveis. Mais tarde seriam ampliados os currículos dessas disciplinas, com aulas de Cálculo de Probabilidades e de Otimização, por exemplo. As horas de aula inicialmente tornadas vagas seriam ocupadas, por algum tempo, com atividades de pesquisa na Internet e nas bibliotecas.
Aos professores das disciplinas extintas que desejassem passar para as disciplinas remanescentes seria dada a oportunidade de demonstrarem qualificação para tanto. Os que não quisessem ou não pudessem assumir tal responsabilidade seriam afastados do ambiente escolar, mas, enquanto não encontrassem emprego em outra profissão, seriam convidados para um novo jogo oficial, o de Duelos Retóricos. Um volume financeiro igual ao das despesas atuais com seus salários seria usado durante certo tempo para premiar os vencedores nesses jogos. Os juízes desses duelos seriam jovens selecionados pelo mesmo critério com que os líderes das manifestações de hoje selecionam os seus seguidores, a valorização da força física. Os jurados ficariam em um ringue e teriam o direito de dirimir a socos as suas questões. 
Como a minha proposta parece violar princípios jurídicos vigentes, quem sabe não consigo atrair uma parte desses novos parceiros do SEPE para virem proteger o meu direito de expô-la?...