sexta-feira, 8 de maio de 2015

A Crise Política

Otimista como sempre, vejo na tragédia do PT a oportunidade de um passo à frente para a democracia do Brasil.
O PT uniu as esperanças dos decepcionados com a burrice, o egoísmo e o autoritarismo da nossa classe política. A descoberta do envolvimento das mais variadas figuras dos governos do PT em escândalos de corrupção sem precedentes destruiu essas esperanças.
Coloca-se a questão: surgirá, em substituição ao PT outro partido que, sob renovadas regras eleitorais, possa vir a conquistar o poder para defender os pobres e não para encher os bolsos das suas lideranças? Ou sempre haverá financiadores de campanha articulados para conseguir contratos vantajosos dos eleitos, os quais, por seu turno, sempre colocarão acima de tudo suas ambições de riqueza e poder?
É claro que nem todos os financiadores de campanha são corruptores e nem todos os candidatos são corruptíveis. Mas, é possível crer que os honestos algum dia ganhem eleições? Toda evidência é no sentido contrário.
Além das pessoas, também os métodos disponíveis não prometem nenhum sucesso em direção a eleições limpas. Financiamento público não reduzirá a importância do Caixa 2 nas campanhas. Voto em lista não fará diferença se as pessoas na lista, e não os programas dos partidos, é que contarão para o eleitorado...
A tragédia do PT é a tragédia do regime. E não se diga que o regime militar seria a solução. A História também mostra que quanto mais poder concentrem os governantes, mais corrupção. E regimes autoritários, pela maior carência de crítica, só podem errar mais que os que se dizem democráticos.
 Eu acredito em apenas uma saída da presente situação. Heroica, mas, não violenta. Baseia-se em reconhecer nossas limitações. Combatamos os efeitos das falhas de caráter dos políticos limitando seus poderes. De outro lado, combatamos a fragilidade dos eleitores dando-lhes mais oportunidades de corrigir suas escolhas. Podemos avançar nessas duas direções com o parlamentarismo.
Mas, um parlamentarismo como nunca houve aqui. A presidente com poder para dissolver o ministério e pedir aos parlamentares um novo primeiro ministro e também com poder para antecipar as eleições para o Parlamento a qualquer momento. E sem recondução no Executivo: eleito um novo Legislativo, ninguém que foi ministro em algum momento dos últimos dois anos poderá fazer parte do ministério pelos próximos dois anos.
Em um país de 200 milhões ninguém é insubstituível. Se quiserem manter o atual sistema eleitoral, os representantes do povo podem continuar a ser reeleitos à vontade para as funções legislativas. Mas, rotação nas funções do Executivo para permitir que erros e malfeitos sejam mais discutidos, corrigidos e execrados.