quinta-feira, 29 de agosto de 2013

João Ubaldo Ribeiro para Presidente!

Antes de mais nada, fique claro que admito, sem qualquer dúvida, que seria imensa perda fazer João Ubaldo Ribeiro largar a literatura para salvar o país,. Não há que pensar na possibilidade de abrir mão do João Ubaldo escritor. Mas, a Reforma Política está em vias de consagrar a tese de que ao cidadão brasileiro, incapaz de optar entre ideias, deve-se assegurar o direito de votar em pessoas. Do Presidente do Supremo tribunal Federal deseja-se fazer o próximo Presidente da República com o simples objetivo de atestar nossa ojeriza à corrupção dos políticos. Então, resolvi criar o partido do João Ubaldo.
 Eu nunca conseguiria dizer com a leveza dele. Mas, o que ele disse do Lixo Zero do Prefeito do Rio no jornal deste Dia do Soldado é o que eu penso da Tolerância Zero e pretendi defender, desde a primeira edição deste blog, contra a Lei Seca. Toda essa violência repressiva nada mais é que violência pura, propaganda da violência, patrocínio da violência, proteção da violência...
Criar o emprego de fiscal de guimba de cigarro é tão escandaloso quanto a Lei Seca. Eu levei meses para me sentir na obrigação de me pronunciar sobre a Lei Seca e o João Ubaldo não deixou o Lixo Zero viver uma semana sem a primeira resposta!
Acho essa crônica de hoje tão importante que, mais que propor uma estátua para homenageá-la, proponho transformar seu autor em um partido político. O título que ele lhe deu, Melhorando Sempre, seria o lema do partido, cuja sigla, PSP, lembraria a do Partido Social Progressista, de Ademar de Barros, há meio século. Seria formada das iniciais de Partido do Salvador da Pátria. O progresso social de que o Brasil precisa, a limpeza na fachada que nos salvará, é dar a todos os atuais prefeitos e vereadores empregos de gari. 

Em vez de fiscais, lixeiras! Abaixo as leis hipócritas! Voltemos a nossa indignação contra um inimigo só, a violência! Temos um povo honesto, trabalhador e solidário e uma elite que se esconde atrás de leis estúpidas para praticar a mais sórdida ganância, para impor uma ordem social de exploração. Tratamento para psicopatas, educação para desajustados e expropriação da riqueza dos ladrões de colarinho branco. A isto tem de se reduzir a Lei Penal do nosso país.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Combate à Corrupção

Apareceram na Grande Imprensa calorosos elogios a ela própria por manter no noticiário o escândalo do suborno pago por cartel de empresas formado para ganhar licitações de obras de um governo estadual da Oposição ao Governo Federal.
Gostaria de ver tais elogios estendidos a atitude que, infelizmente, não encontro representada no noticiário, de situar esse escândalo na realidade da corrupção e da prevaricação no Brasil. Desde que, já há alguns anos, um presidente da República declarou normal o recebimento de recursos para Caixa 2 de campanha eleitoral, acredito que nos falta um esforço jornalístico para esclarecer como se processa a corrupção nos editais públicos e avaliar a participação das autoridades com mandato eletivo na apropriação dos recursos por esse meio roubados dos cofres públicos.
Divulgar detalhes de mais um caso hoje é muito pouco. Contribui para sedimentar na consciência nacional a convicção de que é tudo a mesma coisa. Ao contrário, o combate à corrupção precisa é de que se divulguem detalhes sobre os canais que ligam empresários corruptores e políticos corruptos. Por exemplo, há necessidade de tantas licitações? A negociação do governo com empresas privadas não poderia ser limitada à aquisição daqueles bens e à contratação daqueles serviços para os quais seja possível identificar número considerável de fornecedores idôneos?
A divulgação deste caso, que pode envolver partido do lado oposto ao do ex-presidente referido, favorece a sua tese de que todo mundo faz o mesmo. Tese levantada, na ocasião, para sustentar que os punidos pelo STF no Escândalo do Mensalão se diferenciam apenas por terem sido pegos. É como se a Imprensa se dispusesse a convencer-nos que somos todos ladrões e os que são condenados se diferenciam apenas pelo azar de terem sido alcançados pela polícia.

A divulgação de novos escândalos sem o devido aprofundamento serve ao interesse de anestesiar a opinião pública. Se a corrupção é tão ampla, a divulgação dos novos casos deveria ser acompanhada de informação sobre quais políticos, por seus parentes e assessores, continuam indo a agências bancárias receber grandes volumes de dinheiro. E da investigação das formas como isso está sendo combatido. Aos encômios à Imprensa por saber lidar com a indignação do povo, eu gostaria de poder juntar outros, pelo seu efetivo empenho em contribuir para a correção dos costumes das nossas elites.Apareceram na Grande Imprensa calorosos elogios a ela própria por manter no noticiário o escândalo do suborno pago por cartel de empresas formado para ganhar licitações de obras de um governo estadual da Oposição ao Governo Federal.
Gostaria de ver tais elogios estendidos a atitude que, infelizmente, não encontro representada no noticiário, de situar esse escândalo na realidade da corrupção e da prevaricação no Brasil. Desde que, já há alguns anos, um presidente da República declarou normal o recebimento de recursos para Caixa 2 de campanha eleitoral, acredito que nos falta um esforço jornalístico para esclarecer como se processa a corrupção nos editais públicos e avaliar a participação das autoridades com mandato eletivo na apropriação dos recursos por esse meio roubados dos cofres públicos.
Divulgar detalhes de mais um caso hoje é muito pouco. Contribui para sedimentar na consciência nacional a convicção de que é tudo a mesma coisa. Ao contrário, o combate à corrupção precisa é de que se divulguem detalhes sobre os canais que ligam empresários corruptores e políticos corruptos. Por exemplo, há necessidade de tantas licitações? A negociação do governo com empresas privadas não poderia ser limitada à aquisição daqueles bens e à contratação daqueles serviços para os quais seja possível identificar número considerável de fornecedores idôneos?
A divulgação deste caso, que pode envolver partido do lado oposto ao do ex-presidente referido, favorece a sua tese de que todo mundo faz o mesmo. Tese levantada, na ocasião, para sustentar que os punidos pelo STF no Escândalo do Mensalão se diferenciam apenas por terem sido pegos. É como se a Imprensa se dispusesse a convencer-nos que somos todos ladrões e os que são condenados se diferenciam apenas pelo azar de terem sido alcançados pela polícia.
A divulgação de novos escândalos sem o devido aprofundamento serve ao interesse de anestesiar a opinião pública. Se a corrupção é tão ampla, a divulgação dos novos casos deveria ser acompanhada de informação sobre quais políticos, por seus parentes e assessores, continuam indo a agências bancárias receber grandes volumes de dinheiro. E da investigação das formas como isso está sendo combatido. Aos encômios à Imprensa por saber lidar com a indignação do povo, eu gostaria de poder juntar outros, pelo seu efetivo empenho em contribuir para a correção dos costumes das nossas elites.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A Mídia NINJA

A Mídia NINJA - com a denominação construída sobre um acrônimo de "Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação" - pretende ser diferente, em uma mídia em que a uniformidade é o tom. Sua diferencial seria o envolvimento nos conflitos, defendendo abertamente uma das posições conflitantes. Conceitualmente, é, de fato, original em nossa Imprensa o reconhecimento de que as narrativas que não dependem diretamente da história narrada, mas, em vez de ter de limitar-se a seguir passivamente o desenvolvimento dos fatos, podem exercer uma função ativa, provocando a evolução dos acontecimentos no sentido de sua preferência. Na prática, a Mídia NINJA se diferencia hoje dos veículos de comunicação maiores por um aspecto: a despreocupação quanto a negar sua intenção de servir a uma facção na luta por poder político.
Na Grande Imprensa, sabe-se que também não há neutralidade, seja dos dirigentes seja dos jornalistas em posições subalternas. Primeiro, porque a neutralidade é impossível. Mesmo involuntariamente, as narrativas dos fatos sempre os simplificam e, com isto modificam os seus efeitos. Mas, mesmo assim, criou-se um mito de objetividade da narrativa jornalística.
Outra razão vem de que, ao avançar na interpretação dos fatos que narra, o veículo se expõe a críticas que a narrativa superficial lhe permite evitar. Por isso, os chefes das redações disfarçam seus pontos de vista sobre os temas em que haja divergência entre grupos e interesses constituídos e orientam seus servidores a conter sua ambição de servir claramente aos grupos e interesses com que simpatizem. A Mídia NINJA rejeita esse ideal de neutralidade e deste modo se diferencia pela intensidade e clareza com que age em defesa dos segmentos que representa.
No mais, ela já começa igual à mídia com que estamos acostumados. Pretende ser a favor do bem contra o mal, do correto contra o errado, da verdade contra a mentira, da certeza contra a dúvida. Parte da premissa de que a complexidade e a contradição não têm lugar no mercado consumidor. E se atribui o dever de esclarecer e orientar a plebe ignara e o direito de realizar essa tarefa mesmo sem contar em seus quadros com profissionais qualificados não mais do que pelo que ouviram de professores mal formados ou extraíram da leitura superficial de textos de divulgação de ideais políticos antigos.

O papel mais importante que a Mídia NINJA parece ter neste momento é o de evidenciar a inevitabilidade do envolvimento da Imprensa na luta política e a falácia da sua pretensão de pairar acima das controvérsias. E denunciar a necessidade de se fortalecer em toda a Imprensa a capacidade de avaliação e a disposição para correr o risco de defender com clareza posições das quais possa ter de recuar no futuro.