quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Cultura Política

Nossa Imprensa não cessa de repetir que os políticos que nós elegemos são muito ruins. Talvez faça isso para enfraquecê-los e evitar que aprovem nova Lei de Imprensa, ameaça com que se preocupa de vez em quando. É mais provável que seja apenas fruto do hábito, da experiência com Arte e Esporte, áreas em que as notícias que mais atraem o público são os escândalos envolvendo os protagonistas.
Como os candidatos em que voto sempre são mal votados, sinto-me à vontade para defender os eleitores.
Escolhemos mal porque somos colocados diante de opções falsas. Na verdadeira democracia, os eleitores escolhem entre visões do interesse público propostas por diferentes partidos políticos. Na nossa democracia escolhemos pessoas de partidos quaisquer para representar nossos interesses particulares. Por isso, nunca nos incomodou o voto de cabresto nem o voto comprado por meio do marketing eleitoral pelas empresas que não contam com um número suficiente de votos para terem seus interesses de outro modo representados.
Isto pode mudar. O escândalo da Lava-Jato e suas variantes despertou o espírito cívico do povo e dos meios de comunicação brasileiros. Isto criou uma oportunidade rara que a Imprensa pode nos ajudar a aproveitar. Para manter o interesse dos eleitores na política, sugiro que cada jornal diga ao seu público qual o partido cujo programa mais lhe agrada e explique as razões de tal preferência. Às emissoras de rádio e TV, por seu turno, sugiro que adotem um ou mais partidos a cada um dos quais cedam gratuitamente 15 minutos diários em sua programação para posicionar-se diante das notícias do dia.
Ao mesmo tempo, o espírito cívico poderia ser aperfeiçoado por campanhas. Por exemplo, se poderia explicar o mal que causa o consumidor que adquire produtos sem nota fiscal. Implantando a lealdade na concorrência em nossa cultura, eliminaríamos empresas que se mantém no mercado por meio da sonegação fiscal. Um corpo empresarial mais eficiente poderia abrir mão da proteção dos governantes, eliminando o fator de distorção das campanhas eleitorais que tanto se profliga no momento.
Eleitores que votassem pelo bem do país, políticos que defendessem ideias, creio que isso é possível. Mas, não sem a colaboração de uma Imprensa que priorizasse o bem do país e defendesse ideias.