sábado, 4 de outubro de 2014

Medo e Esperança

Li em crônica dO Globo que os políticos brasileiros oscilam entre agradar a Imprensa e a Universidade, movidas pelas ideias, e a maioria, movida pelo sentimento. Discordo. Em primeiro lugar, na Imprensa e na Universidade brasileiras, são pequena minoria aqueles capazes de desenvolver autonomamente um silogismo sequer. Isto vale para o Brasil e para todos os países do mundo, uns mais, outros menos. É a limitação intelectual das nossas elites, não o fato de que a massa dos eleitores pensa com o estômago, a causa do nosso atraso.
Além disso, medo e esperança, egoísmo e inteligência estão em cada um de nós, aquele sempre muito mais forte que esta. Todos têm muito a perder, mesmo os que vivem da bolsa-família. Se a estes chegar a notícia de que a chefe do governo foi capaz de, ao representar a nação na ONU, humilhar-nos com um discurso de campanha eleitoral, perderá entre eles mais votos que entre os que na Imprensa terão de buscar novos anunciantes se perderem a eleição.
Um acidente viabilizou nesta campanha eleitoral uma candidatura que propôs uma Nova Política. Propôs substituir os personalismos e partidarismos pelo confronto de ideias, substituir os compromissos ocultos por ouvir a sociedade, substituir a demagogia pelo respeito à vontade do povo.
Depois do espanto inicial, toda a Velha Política mobilizou-se ferrenhamente contra ela. Governo e Oposição encheram o programa eleitoral de intrigas: no confronto entre pastores e homossexuais, está mais do lado dos primeiros que nós; quer dar independência ao Banco Central para proteger os banqueiros, não a moeda; sua campanha tem uma caixa 2 como a nossa, fecha os olhos à corrupção tanto quanto qualquer político...
Eu imaginei, que, na Imprensa, essa escandalosa mobilização merecesse alguma condenação. Ao contrário, os analistas políticos vieram com novas críticas. Ao denunciar os motivos da campanha de que era vítima, a nova candidata estaria demonstrando sua fraqueza... Ao não usar  seu mínimo tempo de TV para esclarecer as dúvidas criadas, estaria demonstrando despreparo...
A Esperança às vezes vence o medo. Collor, esperança criada pela TV, venceu. Lula, esperança criada pelos militares, venceu. Mostraram depois que não traziam nada de novo. Um foi derrubado, outro absorvido pela corrupção.
Mas, desta vez, há boas razões para acreditar no novo. Eu acredito que Marina, a seringalista, vai zerar o desmatamento como promete a sua plataforma. Eu acredito que Marina, a pobre, vai ampliar o Bolsa-Família tanto quanto diz. Eu acredito que Marina a analfabeta que já fala como uma professora, vai ouvir.
Não temais!  Precisamos de uma reforma eleitoral, de uma reforma política. Marina foi senadora e ganhou o respeito dos bons políticos que promete aproveitar: Pedro Simon, Eduardo Suplicy... Com eles, mas, sobretudo com o que há de bom em cada um de nós, vai vencer a Velha Política. 

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