terça-feira, 24 de setembro de 2013

A Imprensa Livre



Uma contradição se destaca no panorama político do novo século. Torna-se flagrante nas pequenas organizações que se dizem anarquistas e reivindicam o papel de tropas de choque nas primeiras filas das manifestações juvenis. Mas está igualmente presente nas agruras que enfrentam sucessivos governos americanos formando talibãs e traidores. A tolice está em recorrer ao autoritarismo para defender a liberdade.
Comecemos pelos Estados Unidos. Pelo trauma que enfrentam no momento, com traições por funcionários de suas forças de segurança corrompidos pela atração de servir à Imprensa. Deixemos de lado o poder da Imprensa, por ora. O ponto aqui é: a defesa dos USA precisa de tantos funcionários? A frustração pela qual passam agora é uma versão mais íntima do que passaram quando viram suas iniciativas de apoiar e treinar agentes estrangeiros redundar na formação de terroristas. Mas, não é muito diferente. A recente revelação da presença de americanos nos grupos terroristas demonstra que arrogância, violência e traição andam juntas e surgem da mesma forma na fronteira, no exterior ou no âmago da nacionalidade.
Espero que esses exemplos possam ajudar o governo americano a perceber que a ampliação das suas forças de segurança chega a um ponto em que são obrigados a dar acesso às suas armas de guerra a indivíduos propensos a usar a violência a serviço de valores opostos aos seus interesses nacionais. Até agora, prevalecia a explicação completamente equivocada de que eram as convicções religiosas de islamitas ou as convicções filosóficas de socialistas que formavam o terrorismo. É, ao contrário, a convicção política que domina o Ocidente de que é ampliando a violência que se chegará a contê-la.
Os terroristas são apenas pessoas violentas. O que querem é impor sua vontade e, quando ocultam suas motivações sob o véu de valores religiosos ou outros valores muito respeitáveis, não são diferentes dos policiais que nos humilham na fronteira nem dos analistas que levam para os jornais as informações da Segurança. Os governos, empresas e iniciativas paranóicas que dão emprego e autoridade para pessoas assim só podem colher mais violência.
No Brasil, onde a democracia ainda tenta ocupar algum espaço, também há exemplos de entrega da defesa da democracia a mãos erradas, protaganizados pela Imprensa. Na imprensa alternativa tipo “mídia ninja”  que apoia os quebra-quebra junto com os anarquistas beligerantes e na grande imprensa que impõe condenações ao Judiciário e leis ao Legislativo.
Nossa Imprensa, à medida que se fortalece, se afasta do papel de servir o Povo, informando e honestamente manifestando a opinião das correntes que representa. Dos três poderes da República, o Legislativo é pelas suas funções e sua forma de constituição, aquele mais próximo do Povo, mas a Imprensa mantém-se olimpicamente afastada das eleições proporcionais e, uma vez constituída a representação popular, esmera-se em desmoralizá-la. Hoje, força os congressistas a abrir mão do segredo em algumas votações, prerrogativa que os protegia, não dos pobres eleitores, mas, sim, dos poderosos. É típico das falsas democracias que governos autoritários evitem o voto secreto.
Parcela cada vez maior do que publica a Imprensa visa a aumentar o seu poder e a promover os interesses dos seus aliados. Cooptar membros do Legislativo e do Judiciário, ao mesmo tempo em que os apresenta ao público como poderes não confiáveis, serve a esses objetivos. A liberdade da Imprensa é baluarte da democracia. O equilíbrio entre os poderes também. Mas, hoje quem concentra o poder no Brasil é o Quarto Poder. Aqui, as últimas barricadas da Liberdade estão no campo da Cultura.

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