sábado, 17 de novembro de 2018

Partidos sem Igrejas

Na cauda de uma campanha eleitoral em que ganharam muitos votos combatendo a educação sexual nas escolas, os políticos do “kit gay” estão agora organizando manifestações nas portas das faculdades em defesa de “Escola sem Partido”. Sustentam a tese de que os professores têm preferência pela esquerda e é preciso proibi-los de fazer propaganda política em suas aulas. 

É claro que tão odiosa quanto o abuso sexual é a exploração da generosidade dos estudantes por políticos que se aproveitem da posição de serem professores. Por outro lado, assim como na educação sexual, na educação cívica as instituições de ensino podem prestar importante ajuda a uma sociedade combalida. 

Vejo essa nova campanha como aplicação do princípio de que a melhor defesa é o ataque. Em vez do detestável uso da autoridade do professor para conquistar votos, o que tem de estar em pauta hoje é a escandalosa participação de líderes religiosos nas últimas eleições. Em vez de tirar os partidos de dentro das escolas , o importante hoje é tirar algumas igrejas de dentro de alguns partidos.. 

Tão absurda quanto a pretensão de eliminar a presença da política nas escolas seria a de eliminá-la das igrejas. Em toda igreja, espero que se discuta política. Ou não seria política a discussão da miséria e do crime e da busca de formas de combatê-los? 

O que os locais de culto religioso viram na última eleição brasileira, porém, não foi isso. Não chegamos ainda à disputa sectária pelo poder como nas velhas guerras religiosas que ainda vemos ocorrer em outros países. Mas, a exploração do nome de Deus e do rótulo de bom foi um passo largo nessa direção. Dezenas de candidatos usaram para eleger-se o título de bispo e pastor. Outros se elegeram expondo no horário eleitoral suas fotos ao lado de tais figuras. 

Em vez de ir apoiá-las na porta das escolas, precisaríamos é ir para a porta das igrejas dessas pessoas pedir aos fiéis que não reelejam mais quem use o nome de Deus em suas campanhas. Perguntar-lhes o que pensam do uso eleitoral de emissoras de rádio e TV que foram criadas com doações de dizimistas que queriam fazer proselitismo religioso. Informá-los de que há no Brasil partidos criados e dominados por exploradores da religiosidade ingênua.

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