quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O Marketing Eleitoral


Na Sociedade de Consumo, as eleições são, cada vez mais, influenciadas pela propaganda. Declarar a preferência por um candidato eleva ou abaixa o status tanto quanto vestir certa blusa ou comprar certa revista. E, cada vez mais, as pessoas estão preocupadas com o que as outras pensam sobre os produtos que elas escolhem consumir.

Com isto, o que as pessoas dizem, nas redes sociais, sobre os candidatos é, hoje, mais importante do que o que estes dizem que irão efetivamente realizar, caso eleitos. Para elaborar essa decisiva imagem dos candidatos, e determinar os efeitos que aderir ou não a ela tem sobre a aprovação da imagem do eleitor pelo seu grupo, mobilizam-se os marqueteiros eleitorais.

Na Sociedade de Consumo, o consumidor é acostumado a orientar suas decisões pelas marcas. Os partidos são as marcas dos candidatos. O reduzido custo do voto favorece a displicência, de modo que a fidelidade partidária do eleitor deveria tornar-se fator ainda mais decisivo. Isto não acontece porque as eleições ocorrem muito espaçadamente e, na roda viva da sociedade atual, o cidadão só tem tempo de pensar em política na época das eleições. Daí, a volatilidade do voto e o espaço aberto para usar o marketing na criação novas preferências.

Nos velhos tempos, o eleitor votava por uma dentre algumas possíveis razões: por obediência, por dinheiro, por interesse - de corporação, classe ou região - ou, idealmente, por convicção quanto ao que seria melhor para a pátria e a humanidade. Com o progresso, o voto de cabresto e o voto comprado vêm perdendo importância. Resta a opção entre escolher o que é melhor para o grupo com que me identifico e o que é melhor para todos. Infelizmente, ao mesmo tempo cresceu a importância da aprovação pelo grupo.

Sem dúvida, além das propostas para o futuro, as qualidades pessoais do candidato devem afetar, subsidiariamente, a escolha do eleitor. O marqueteiro, entretanto, inverte as prioridades ao, de um lado, envolver as ideias em fantasia para, de outro, criar falsas identificações com o seu candidato...

Na eleição de 2018, a delação premiada é uma das poucas novidades com unânime apoio do brasileiro, humilhado pela extensão da incompetência e do crime no país. Nesse contexto, o maior partido do país prepara-se para ganhar a eleição atacando a delação premiada e colocando um chapéu de vaqueiro no seu candidato para identificá-lo com o seu líder na prisão.

Deem tempo de TV a um marqueteiro e ele se encarrega de transformar futilidade em votos. Não só o uso do Caixa 2, mas, também, a contratação de marqueteiros deveria ser severamente punida como crime eleitoral.

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