Nossa
cultura adora a criação de regras para serem fraudadas. O resultado é prejuízo
e atraso para todos. Vejamos o caso do futebol. Amamos o esporte e temos
formidáveis artistas da bola em nossos estádios. Entretanto, temos as
arquibancadas dominadas por trogloditas e os clubes envolvidos por dívidas
astronômicas. A atração pelos espetáculos esportivos perde cada vez mais para
as famigeradas novelas.
A
violência em certos jogos é enfrentada com policiais levantando escudos em
volta do campo de jogo. Diante de lamentáveis incidentes nos últimos dias, o
que se propõe para combater as guerras entre as torcidas e proteger o
espetáculo são mais leis repressoras e mais ação das autoridades do futebol.
Minha
proposta para esse caso. Promover o fairplay. Condenação pública, enfática,
vigorosa, não só dos idiotas das torcidas organizadas em esquadrões marciais,
mas, também dos - um pouco mais espertos – que xingam os jogadores nas colunas
dos jornais e revestem de xenofobismo o apoio aos clubes e seleções nacionais para
lucrar com o superdimensionamento dos eventos transmitidos em rede nacional.
Isto no
campo da propaganda direta. Mas, é preciso mudar a cultura principalmente no
âmbito das leis. Os dirigentes do futebol insistem em resistir ao emprego que
já se mostrou bem sucedido em outros esportes, de meios eletrônicos para a
revisão das decisões dos juízes. A autoridade imperial atribuída aos juízes,
além de propaganda direta do autoritarismo, é fonte de corrupção, com compra de
resultados e estímulo à intervenção da torcida na coação aos juízes.
É
preciso reduzir também a importância atribuída aos resultados dos jogos. O
número de pontos no fim do campeonato não deve ser o critério decisivo para a
seleção de clubes para outras competições internacionais, assim como para o
rebaixamento. Essa prática resulta em valorização excessiva dos resultados,
estimulando novamente o suborno e a coação dos juízes. Encerrado cada
campeonato, outros aspectos objetivos do desempenho dos clubes que favorecem a
elevação da qualidade dos espetáculos seriam fáceis de levar em conta na
formação das próximas competições.
Não é
possível eliminar os impulsos antissociais no coração das pessoas. Mas, não faz
sentido estimulá-los nas atividades de lazer, em que, ao contrário, os impulsos
mais nobres poderiam ter a maior facilidade de se desenvolver.
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