Nos últimos anos, governos
de estados brasileiros têm criado sistemas de estímulo aos professores do
ensino fundamental que associam ao desempenho dos alunos gratificações para os
professores. É uma forma de atrair e manter na carreira docente profissionais
melhor qualificados. E de premiar os que se interessam em que os seus alunos
aprendam.
O ensino médio, que
se revelou decisivo para o salto rumo ao desenvolvimento de países de
diferentes continentes, entre nós permanece envolto em maiores incertezas.
Nesse nível, não basta agir do lado da demanda do trabalho, pagando melhor por
melhores profissionais. Há escassez de bons profissionais para serem
contratados, porque a Universidade não consegue atrair para os cursos de
licenciatura bons alunos em quantidade suficiente.
E aqui chegamos ao
ponto crítico: o ensino superior. Uma universidade em que a pesquisa é forte
atrai bons estudantes para os cursos ligados ao conhecimento. Mas, temos aqui
um círculo, porque para desenvolver a pesquisa a universidade precisa atrair os
mais capazes.
A carreira acadêmica precisa atrair jovens capazes. A nova lei sobre o magistério
superior avança nesse sentido ao eliminar os concursos para cargos intermediários da
carreira. Os cargos intermediários, para os quais vinham sendo abertos praticamente
todos os concursos, exigem titulação, obrigando as pessoas atraídas pela
carreira a passarem antes pela posição de alunos de pós-graduação.
A exigência de
pós-graduação em área de competência do departamento, além da restrição a candidatura
de estrangeiros, limitava a inscrição em cada concurso a um punhado de
candidatos. Na escolha entre eles, empregava-se, via de regra, uma prova de
duas ou três questões dissertativas, uma apresentação oral e a análise do curriculum vitae, em que o candidato
esclarecia o departamento em que obtivera seu título de pós-graduação e, caso
tivesse publicações, quem eram seus co-autores.
O equívoco de aplicar
esse sistema no Brasil é maior porque o processo de admissão na pós-graduação é,
entre nós, também, em muitos casos, completamente errado. Um exemplo do modelo
que aqui prevalece vi praticado na seleção para ingresso em 2013 nos cursos de
mestrado e doutorado de uma universidade que é considerada a mais importante
(para alguns a única) universidade particular de pesquisa do país. Prova
escrita com apenas duas questões com questões diferentes para os candidatos
interessados em cada diferente linha de pesquisa. Uma entrevista sobre cuja
matéria nada é informado no edital. São levados em conta ainda, cartas de
referência, curriculum vitae exposto de
forma ampliada em um memorial e anteprojeto em que o candidato demonstre
conhecer o que deverá vir a aprender a pesquisar no curso. Não há informação
sobre como essas diferentes avaliações são realizadas, mas delas é extraída uma
ordenação final dos candidatos, da qual não se admite contestação.
O suposto aproveitamento
de tão disparatada informação e a arrogância em não expor o algoritmo empregado
na avaliação faz crer que sofisticados recursos psicológicos são empregados na
avaliação dos candidatos a esse curso. Para quem conhece o assunto, é claro que
não é nada disso. Pedi informações à coordenadora da pós-graduação e não obtive
resposta. Seleções assim, o padrão no nosso meio acadêmico, refletem,
simplesmente, a incapacidade dos professores de medir seriamente e o seu horror
à medição objetiva. Entretanto, a admissão dos melhores candidatos seria a
única esperança de correção nas áreas ocupadas por professores com essas
limitações.
Não sei se a nova lei
vai vingar. Mas, vejo essa mudança como boa ocasião
para um passo mais largo para o sistema de seleção dos meus sonhos para a
carreira do magistério superior no Brasil.
Seria substituir os departamentos acadêmicos na administração dos concursos por
um sistema unificado nacional. Isso deixaria claras para todos as
possibilidades de ingresso na carreira e dispensaria os candidatos de
deslocar-se até cada departamento em busca de vaga.
Melhor ainda se, em
cada concurso, universidades públicas e privadas de locais e áreas do
conhecimento diferentes disputassem com salários diferenciados os melhores
candidatos. Com uma classificação nacional baseada em atributos fundamentais,
cada região e área de pesquisa poderia, oferecendo melhores salários, disputar
os melhores professores para os seus alunos. A possibilidade de serem
escolhidos para as melhores posições na academia em concursos realizados com
plena transparência seria a forma de atrair para a pesquisa os jovens com maior
potencial para desenvolvê-la.
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