Otimista como sempre, vejo na
tragédia do PT a oportunidade de um passo à frente para a democracia do Brasil.
O PT uniu as esperanças dos
decepcionados com a burrice, o egoísmo e o autoritarismo da nossa classe
política. A descoberta do envolvimento das mais variadas figuras dos governos
do PT em escândalos de corrupção sem precedentes destruiu essas esperanças.
Coloca-se a questão: surgirá, em
substituição ao PT outro partido que, sob renovadas regras eleitorais, possa
vir a conquistar o poder para defender os pobres e não para encher os bolsos
das suas lideranças? Ou sempre haverá financiadores de campanha articulados para
conseguir contratos vantajosos dos eleitos, os quais, por seu turno, sempre
colocarão acima de tudo suas ambições de riqueza e poder?
É claro que nem todos os financiadores
de campanha são corruptores e nem todos os candidatos são corruptíveis. Mas, é
possível crer que os honestos algum dia ganhem eleições? Toda evidência é no
sentido contrário.
Além das pessoas, também os
métodos disponíveis não prometem nenhum sucesso em direção a eleições limpas.
Financiamento público não reduzirá a importância do Caixa 2 nas campanhas. Voto
em lista não fará diferença se as pessoas na lista, e não os programas dos partidos, é que contarão para o eleitorado...
A tragédia do PT é a tragédia do
regime. E não se diga que o regime militar seria a solução. A História também
mostra que quanto mais poder concentrem os governantes, mais corrupção. E regimes
autoritários, pela maior carência de crítica, só podem errar mais que os que se
dizem democráticos.
Eu acredito em apenas uma saída da presente
situação. Heroica, mas, não violenta. Baseia-se em reconhecer nossas limitações. Combatamos
os efeitos das falhas de caráter dos políticos limitando seus poderes. De outro
lado, combatamos a fragilidade dos eleitores dando-lhes mais oportunidades de corrigir
suas escolhas. Podemos avançar nessas duas direções com o parlamentarismo.
Mas, um parlamentarismo como
nunca houve aqui. A presidente com poder para dissolver o ministério e pedir aos parlamentares um novo primeiro ministro e também com poder para antecipar as
eleições para o Parlamento a qualquer momento. E sem recondução no Executivo:
eleito um novo Legislativo, ninguém que foi ministro em algum momento dos
últimos dois anos poderá fazer parte do ministério pelos próximos dois anos.
Em um país de 200 milhões ninguém
é insubstituível. Se quiserem manter o atual sistema eleitoral, os
representantes do povo podem continuar a ser reeleitos à vontade para as
funções legislativas. Mas, rotação nas funções do Executivo para permitir que
erros e malfeitos sejam mais discutidos, corrigidos e execrados.
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