O governo de esquerda na Grécia
convocou um plebiscito para decidir sobre a proposta de negociação dos credores
da sua dívida externa. No plebiscito, os eleitores apoiaram a posição do governo,
mas a simples convocação do plebiscito acentuou o agravamento da crise
econômica do país.
Direita, Esquerda e Centrão são
conceitos moldados desde a Revolução Francesa para caracterizar as forças
políticas. A Direita ouve as elites, o grande empresariado, a grande Imprensa,
o aparelho do Estado e conduz a massa, impondo sua liderança pela força ou pelo
engano. A Esquerda procura ouvir o Povo, decifrar seus interesse legítimos e atingir os objetivos que emergem da
consciência que ele atinja dos seus próprios interesses. Enquanto essa
consciência não se forma, quem acaba decidindo é o Centrão, formado por
políticos mais próximos da massa, uns representando ora o perfil conservador da
classe média, outros empolgados por uma ou outra bandeira mais progressista,
mas, todos caracterizando-se pela dificuldade de alcançar a dimensão mais
profunda dos problemas políticos.
O confronto entre Direita e
Esquerda, decidido na Democracia pelo Centrão, é, na visão Marxista, um aspecto
de um conflito mais fundamental entre Capital e Trabalho, entre as lideranças econômicas
e os empregados. Mas, a visão estritamente política desse confronto é válida
por si mesmo. A questão é se é melhor
para o progresso do país que seja este conduzido pelas lideranças da direita
que não ouvem ou apenas fingem ouvir a massa ou pelas da esquerda que esperam a
conscientização da massa para avançar.
O problema da opção pela direita
é que as elites acabam por substituir o interesse nacional pelo seu próprio
interesse. O problema da esquerda é que seus líderes legítimos têm de avançar muito
devagar.
Outro vício, entretanto, aflige a
esquerda. É o esquerdismo. Um desvio de direita pelo qual os líderes da
esquerda trocam o objetivo de obedecer à vontade do povo pelo de fortalecer a
sua liderança. No jargão militar, subordinam seus objetivos estratégicos ao
objetivo tático do momento. Foi isto que
ocorreu na Grécia. O partido de esquerda convocou um plebiscito para
fortalecer-se, enfraquecendo seu povo.
Os aspectos técnicos da
negociação da dívida grega deveriam ter sido deixados há muito a critério de
especialistas. A Democracia precisa de barreiras que protejam as decisões
econômicas da influência do conflito pelo poder entre as facções políticas. No
Brasil, vivemos uma situação semelhante. Erros do passado levaram à urgência de
um ajuste fiscal. A administração do ajuste precisa de rapidez e eficiência que
são prejudicadas pela interferência da política.
A crise grega ensina que nem
Direita nem Esquerda são opções realmente progressistas. O debate político e a
alternância do poder por eleições democráticas protegem-nos do arbítrio - e
isto é da máxima importância – mas, não nos protegem da incompetência. Os
governos de esquerda, tanto quanto os de direita, são sujeitos a corrupção e
seus líderes erram tanto quanto os do Centrão.
O Povo deve ter o poder de mudar
os governantes e os legisladores. Mas, assim como as decisões técnicas do dia a
dia da aplicação das leis são entregues a juízes controlados por corregedores e
tribunais superiores, as decisões quanto à execução das políticas de governo
deve caber a especialistas.
As grandes propostas do governo
eleito deveriam ser consubstanciadas em projetos e a decisão quanto a
viabilizar esses projetos deveria ser objeto de julgamento de comissões de
especialistas. Agências de proteção do meio ambiente, do patrimônio cultural,
das minorias étnicas, etc., deveriam especializar-se em avaliar tais projetos conjuntamente
com representantes dos ministérios. Concluída a seleção dos projetos
prioritários, sua execução até o final deveria ser obrigação de todos os
futuros governos e objeto de fiscalização tão somente dos tribunais de contas
quanto à legalidade dos atos praticados pelos executores e sua fidelidade aos
objetivos aprovados.
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ResponderExcluirPrimeiro comentário: A tragédia grega (espanhola, portuguesa, italiana etc.): NÃO SE PODE UNIR A MOEDA DE PAÍSES QUE TEM PRODUTIVIDADES E COMPETITIVIDADES MUITO DIFERENTES. A Alemanha, extremamente produtiva, vai engolir os países que tenham produtividade muito abaixo da sua. A única saída para que estes países pudessem competir (já dizia Adam Smith) seria desvalorizar sua moeda e então ter alguns produtos fortes competitivos. A Alemanha percebeu, por meio de 2 grandes guerras, que o caminho para dominação da Europa não é bélico, mas econômico. Um dos poucos países que poderia tentar enfrentar a Alemanha seria a Inglaterra. No entanto, os ingleses, que já conhecem bem as artimanhas alemãs, optaram por não entrar nesse jogo e manter sua moeda.
ResponderExcluirResposta: A ADMINISTRAÇÃO DO CÂMBIO É APENAS MAIS UMA FORMA DE AS ELITES LOCAIS COMPLICAREM A VIDA DOS SEUS GOVERNADOS.