Apareceram na Grande Imprensa calorosos elogios a ela
própria por manter no noticiário o escândalo do suborno pago por cartel de
empresas formado para ganhar licitações de obras de um governo estadual da
Oposição ao Governo Federal.
Gostaria de ver tais elogios estendidos a atitude que,
infelizmente, não encontro representada no noticiário, de situar esse escândalo
na realidade da corrupção e da prevaricação no Brasil. Desde que, já há alguns
anos, um presidente da República declarou normal o recebimento de recursos para
Caixa 2 de campanha eleitoral, acredito que nos falta um esforço jornalístico
para esclarecer como se processa a corrupção nos editais públicos e avaliar a
participação das autoridades com mandato eletivo na apropriação dos recursos
por esse meio roubados dos cofres públicos.
Divulgar detalhes de mais um caso hoje é muito pouco.
Contribui para sedimentar na consciência nacional a convicção de que é tudo a
mesma coisa. Ao contrário, o combate à corrupção precisa é de que se divulguem
detalhes sobre os canais que ligam empresários corruptores e políticos
corruptos. Por exemplo, há necessidade de tantas licitações? A negociação do
governo com empresas privadas não poderia ser limitada à aquisição daqueles bens
e à contratação daqueles serviços para os quais seja possível identificar número
considerável de fornecedores idôneos?
A divulgação deste caso, que pode envolver partido do lado
oposto ao do ex-presidente referido, favorece a sua tese de que todo mundo faz
o mesmo. Tese levantada, na ocasião, para sustentar que os punidos pelo STF no
Escândalo do Mensalão se diferenciam apenas por terem sido pegos. É como se a
Imprensa se dispusesse a convencer-nos que somos todos ladrões e os que são
condenados se diferenciam apenas pelo azar de terem sido alcançados pela
polícia.
A divulgação de novos escândalos sem o devido aprofundamento
serve ao interesse de anestesiar a opinião pública. Se a corrupção é tão ampla,
a divulgação dos novos casos deveria ser acompanhada de informação sobre quais
políticos, por seus parentes e assessores, continuam indo a agências bancárias
receber grandes volumes de dinheiro. E da investigação das formas como isso
está sendo combatido. Aos encômios à Imprensa por saber lidar com a indignação
do povo, eu gostaria de poder juntar outros, pelo seu efetivo empenho em
contribuir para a correção dos costumes das nossas elites.Apareceram na Grande Imprensa calorosos elogios a ela
própria por manter no noticiário o escândalo do suborno pago por cartel de
empresas formado para ganhar licitações de obras de um governo estadual da
Oposição ao Governo Federal.
Gostaria de ver tais elogios estendidos a atitude que,
infelizmente, não encontro representada no noticiário, de situar esse escândalo
na realidade da corrupção e da prevaricação no Brasil. Desde que, já há alguns
anos, um presidente da República declarou normal o recebimento de recursos para
Caixa 2 de campanha eleitoral, acredito que nos falta um esforço jornalístico
para esclarecer como se processa a corrupção nos editais públicos e avaliar a
participação das autoridades com mandato eletivo na apropriação dos recursos
por esse meio roubados dos cofres públicos.
Divulgar detalhes de mais um caso hoje é muito pouco.
Contribui para sedimentar na consciência nacional a convicção de que é tudo a
mesma coisa. Ao contrário, o combate à corrupção precisa é de que se divulguem
detalhes sobre os canais que ligam empresários corruptores e políticos
corruptos. Por exemplo, há necessidade de tantas licitações? A negociação do
governo com empresas privadas não poderia ser limitada à aquisição daqueles bens
e à contratação daqueles serviços para os quais seja possível identificar número
considerável de fornecedores idôneos?
A divulgação deste caso, que pode envolver partido do lado
oposto ao do ex-presidente referido, favorece a sua tese de que todo mundo faz
o mesmo. Tese levantada, na ocasião, para sustentar que os punidos pelo STF no
Escândalo do Mensalão se diferenciam apenas por terem sido pegos. É como se a
Imprensa se dispusesse a convencer-nos que somos todos ladrões e os que são
condenados se diferenciam apenas pelo azar de terem sido alcançados pela
polícia.
A divulgação de novos escândalos sem o devido aprofundamento
serve ao interesse de anestesiar a opinião pública. Se a corrupção é tão ampla,
a divulgação dos novos casos deveria ser acompanhada de informação sobre quais
políticos, por seus parentes e assessores, continuam indo a agências bancárias
receber grandes volumes de dinheiro. E da investigação das formas como isso
está sendo combatido. Aos encômios à Imprensa por saber lidar com a indignação
do povo, eu gostaria de poder juntar outros, pelo seu efetivo empenho em
contribuir para a correção dos costumes das nossas elites.
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