A Mídia NINJA -
com a denominação construída sobre um acrônimo de "Narrativas
Independentes, Jornalismo e Ação" - pretende ser diferente, em uma mídia
em que a uniformidade é o tom. Sua diferencial seria o envolvimento nos
conflitos, defendendo abertamente uma das posições conflitantes.
Conceitualmente, é, de fato, original em nossa Imprensa o reconhecimento de que as narrativas
que não dependem diretamente da história narrada, mas, em vez de ter de limitar-se a
seguir passivamente o desenvolvimento dos fatos, podem exercer uma função ativa,
provocando a evolução dos acontecimentos no sentido de sua preferência. Na prática, a Mídia NINJA se diferencia hoje dos veículos de comunicação maiores por um
aspecto: a despreocupação quanto a negar sua intenção de servir a uma facção na
luta por poder político.
Na Grande
Imprensa, sabe-se que também não há neutralidade, seja dos dirigentes seja dos
jornalistas em posições subalternas. Primeiro, porque a neutralidade é
impossível. Mesmo involuntariamente, as narrativas dos fatos sempre os
simplificam e, com isto modificam os seus efeitos. Mas, mesmo assim, criou-se
um mito de objetividade da narrativa jornalística.
Outra razão vem
de que, ao avançar na interpretação dos fatos que narra, o veículo se expõe a
críticas que a narrativa superficial lhe permite evitar. Por isso, os chefes
das redações disfarçam seus pontos de vista sobre os temas em que haja
divergência entre grupos e interesses constituídos e orientam seus servidores a
conter sua ambição de servir claramente aos grupos e interesses com que
simpatizem. A Mídia NINJA rejeita esse ideal de neutralidade e deste modo se
diferencia pela intensidade e clareza com que age em defesa dos segmentos que
representa.
No mais, ela já
começa igual à mídia com que estamos acostumados. Pretende ser a favor do bem
contra o mal, do correto contra o errado, da verdade contra a mentira, da
certeza contra a dúvida. Parte da premissa de que a complexidade e a
contradição não têm lugar no mercado consumidor. E se atribui o dever de
esclarecer e orientar a plebe ignara e o direito de realizar essa tarefa mesmo
sem contar em seus quadros com profissionais qualificados não mais do que pelo
que ouviram de professores mal formados ou extraíram da leitura superficial de
textos de divulgação de ideais políticos antigos.
O papel mais importante
que a Mídia NINJA parece ter neste momento é o de evidenciar a inevitabilidade
do envolvimento da Imprensa na luta política e a falácia da sua pretensão de pairar acima das controvérsias. E denunciar a necessidade de se fortalecer em toda a Imprensa a
capacidade de avaliação e a disposição para correr o risco de defender com clareza posições das quais possa ter de recuar no futuro.
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