sábado, 22 de setembro de 2018

Amigo Eleitor


Dirijo-me a você que, pelas pesquisas, parece estar decidido a votar em um de dois candidatos em extremos opostos.

Um desses candidatos lhe promete manter a ordem a ferro e fogo. Quando pessoas assim chegam ao poder, sabemos o que esperar: abuso, violência contra o cidadão, decisões erradas tomadas sem controle. Ele já começou a atacar as eleições, acusando as urnas eletrônicas. O ídolo dele é um general que comandou a tortura no governo militar. 

O outro promete felicidade para todos, por conta do governo. Quando pessoas assim chegam ao poder, sabemos o que esperar: mentira, fraude, corrupção sem freio. Ele já começou a atacar a Justiça, desqualificando as delações premiadas. O ídolo dele é o presidente que comandou o mensalão e o petrolão. 

Se você pensa em votar num porque está revoltado com as propinas do outro ou porque está revoltado com as mordomias do outro, não vote em nenhum dos dois. 

Nesta eleição, o tempo dado aos candidatos para exporem suas ideias é escandalosamente desigual e os que têm mais recursos para propaganda também estão envolvidos até o pescoço na corrupção. Mas, há uma candidata com uma história que nos permite confiar, em seu espírito público tanto quanto em sua honestidade. Seu nome é Marina Silva.

sábado, 15 de setembro de 2018

Fake News


Todos nós, aqui no Ocidente, conhecemos pelo menos um caso em que pessoas profundamente religiosas realizaram uma difamação com consequência trágica. Lembro disso ao ver, nesta campanha eleitoral, amigos meus ajudarem a inundar as redes sociais com ataques à honra do marido de Marina Silva. 

As acusações são antigas e sem fundamento. Mas, as pessoas se dão o direito da dúvida. Podem encontrar na internet provas de que as informações que receberam são falsas, mas imaginam: quem sabe se não será provado mais tarde que os desmentidos é que eram falsos. E divulgam a versão que lhes agrada.

O marido de Marina, Fábio, foi fundador de uma ONG que negociava madeira e foi subsecretário do governo do Acre. Isso permite qualificá-lo como madeireiro e como político e sujeitá-lo a má vontade que o eleitor possa ter com essas qualificações. Se você concorda que isso não faz dele uma pessoa má, peço que continue lendo.

A primeira acusação diz respeito a uma doação de madeira do IBAMA à tal ONG. A doação foi feita quatro anos depois de Fábio ter-se desligado da ONG. O MPF foi instado pela própria Marina a investigar o caso e ele foi cabalmente inocentado.

A segunda acusação é de ter aprovado um projeto de que resultou prejuízo para a SUDAM. Fábio é, de fato, réu, há quase vinte anos, em uma ação cível, junto com todos os que votaram a favor na reunião em que o projeto foi aprovado. Ele compareceu à tal reunião, mas, sem direito a voto, enviado para representar excepcionalmente o governador do seu estado.

Essas são as bases dos ataques, divulgados para sustentar que Marina não é menos corrupta que seus adversários. 

O que você pode fazer a respeito? Pedir uma bacia com água e lavar as mãos? Uma alternativa melhor: procure se informar sobre os programas dos principais candidatos. 

Para defender-se dessas infâmias, a campanha de Marina é forçada a gastar o que não tem: o Congresso aprovou em 2017 uma divisão dos recursos públicos para as campanhas que atribui a Marina uma migalha do que dá ao Centrão e ao PT. Se você quiser ajudar a equilibrar a disputa, faça uma doação. Vá até https://www. doemarina.com.br.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O Marketing Eleitoral


Na Sociedade de Consumo, as eleições são, cada vez mais, influenciadas pela propaganda. Declarar a preferência por um candidato eleva ou abaixa o status tanto quanto vestir certa blusa ou comprar certa revista. E, cada vez mais, as pessoas estão preocupadas com o que as outras pensam sobre os produtos que elas escolhem consumir.

Com isto, o que as pessoas dizem, nas redes sociais, sobre os candidatos é, hoje, mais importante do que o que estes dizem que irão efetivamente realizar, caso eleitos. Para elaborar essa decisiva imagem dos candidatos, e determinar os efeitos que aderir ou não a ela tem sobre a aprovação da imagem do eleitor pelo seu grupo, mobilizam-se os marqueteiros eleitorais.

Na Sociedade de Consumo, o consumidor é acostumado a orientar suas decisões pelas marcas. Os partidos são as marcas dos candidatos. O reduzido custo do voto favorece a displicência, de modo que a fidelidade partidária do eleitor deveria tornar-se fator ainda mais decisivo. Isto não acontece porque as eleições ocorrem muito espaçadamente e, na roda viva da sociedade atual, o cidadão só tem tempo de pensar em política na época das eleições. Daí, a volatilidade do voto e o espaço aberto para usar o marketing na criação novas preferências.

Nos velhos tempos, o eleitor votava por uma dentre algumas possíveis razões: por obediência, por dinheiro, por interesse - de corporação, classe ou região - ou, idealmente, por convicção quanto ao que seria melhor para a pátria e a humanidade. Com o progresso, o voto de cabresto e o voto comprado vêm perdendo importância. Resta a opção entre escolher o que é melhor para o grupo com que me identifico e o que é melhor para todos. Infelizmente, ao mesmo tempo cresceu a importância da aprovação pelo grupo.

Sem dúvida, além das propostas para o futuro, as qualidades pessoais do candidato devem afetar, subsidiariamente, a escolha do eleitor. O marqueteiro, entretanto, inverte as prioridades ao, de um lado, envolver as ideias em fantasia para, de outro, criar falsas identificações com o seu candidato...

Na eleição de 2018, a delação premiada é uma das poucas novidades com unânime apoio do brasileiro, humilhado pela extensão da incompetência e do crime no país. Nesse contexto, o maior partido do país prepara-se para ganhar a eleição atacando a delação premiada e colocando um chapéu de vaqueiro no seu candidato para identificá-lo com o seu líder na prisão.

Deem tempo de TV a um marqueteiro e ele se encarrega de transformar futilidade em votos. Não só o uso do Caixa 2, mas, também, a contratação de marqueteiros deveria ser severamente punida como crime eleitoral.

sábado, 1 de setembro de 2018

Um campeonato Desigual

Imagine um campeonato como outro qualquer, com uma pequena diferença. Aqui, o campeão de um ano começa o ano seguinte com mais pontos. Muito mais pontos! E mais: são os primeiros colocados que definem as regras da próxima disputa. Injusto, não acha?

Pois esse é justamente o sistema político brasileiro. Os partidos que elegeram mais parlamentares - muitas vezes comprovadamente usando caixa 2 - decidiram juntos, no ano passado, criar um fundo do qual eles mesmos recebem muito mais dinheiro dos nossos impostos para usar nas próximas eleições. Tudo para receber mais dinheiro que, na lógica deles, traz mais votos, elege mais parlamentares, garante ainda mais dinheiro que traz ainda mais votos… É o ciclo vicioso que afunda a nossa democracia. Um campeonato que não faz sentido.

Mas existe um detalhe nesta eleição: podemos fazer mais do que torcer. Temos chances reais de romper com esse ciclo vicioso em 2018. Marina Silva e Eduardo Jorge têm a independência, experiência e capacidade necessárias para defender o ameaçado instituto da delação premiada e usá-lo para enfrentar as lideranças do crime organizado nos altos escalões da República. 

Com a mobilização de milhares de brasileiros, podemos equilibrar essa disputa.

Doe e faça parte dessa história!

Doe com cartão de crédito ou emita boleto bancário em

 doemarina.com.br


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Apoio à Intervenção Federal


A nomeação do comandante da Região Militar do Leste para a função de interventor na área de segurança do Rio de Janeiro, qualquer eu tenha sido sua motivação, pode ser positiva.

A segurança no Rio de Janeiro não vai aumentar sem a mobilização da sociedade. A presença do general nessa função pode suscitar mobilização favorável. As Forças Armadas são das poucas instituições em que a sociedade reconhece que o valor da honra pessoal é prestigiado. E é resgatando esse valor que se pode reduzir a criminalidade.

Sugiro algumas mudanças de comportamento com as quais a população do Rio de Janeiro pode contribuir para o sucesso da intervenção.

1. Mesmo reconhecendo que entre os políticos o que prevalece é a hipocrisia, os eleitores do Rio de Janeiro podem fazer um esforço para selecionar os políticos em que percebam a disposição de buscar honestamente o bem comum e, nas próximas eleições, escolher entre estes os que pareçam atribuir maior prioridade ao bem estar das futuras gerações.

2. Mesmo reconhecendo que o roubo de cargas reduz os preços, os consumidores do Rio de Janeiro podem comprometer-se a não adquirir produtos industrializados sem nota fiscal.

3. Mesmo reconhecendo que para a mídia pouco importa a verdade, os clubes de futebol do Rio de Janeiro podem negar-se a submeter-se à lógica de que "o que importa é ganhar" e instalar os árbitros de vídeo nos estádios do Maracanã, do Engenhão, de São Januário e da Ilha do Urubu.

4. Mais importante que tudo, os empresários do Rio de Janeiro, reconhecendo que sua responsabilidade social não se extingue com a negociação das exigências tributárias, podem dedicar, cada um, parte das suas receitas a apoiar a melhoria do ensino nas escolas públicas do Estado, com bônus salariais, apoio material e prêmios de honra ao mérito para valorizar o desempenho escolar dos estudantes. Por exemplo, cada pequeno comerciante pode ofertar mensalmente à escola mais próxima um valor equivalente ao que gasta para tornar mais agradável a visita a sua loja. Os bancos e as grandes empresas podem autorizar os gerentes em seus estabelecimentos a ajudar diretores e coordenadores de escolas por eles escolhidas .


Cada uma dessas medidas, e, principalmente, valorizar e qualificar as novas gerações, golpeará o crime organizado no estado mais que qualquer aumento de prisões e qualquer devassa nas corporações policiais.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Abaixo a Ficha Limpa!

A Lei da Ficha Limpa é um retrocesso. Sempre achei mais razoável tornar inelegível quem seja reprovado em uma prova de Matemática que quem tenha sido condenado à prisão. Independentemente dos motivos da condenação, a prática de condutas antissociais pode ser até uma credencial legítima para o candidato a representar a insatisfação com os poderes do Estado.
Mas, a Lei da Ficha Limpa foi aprovada por unanimidade porque teve apoio de mais de um milhão de assinaturas. Agora, muitos milhões serão impedidos de votar em um candidato, cassado pela Lei da Ficha Limpa. Percebe-se, afinal, que não é um direito dos representantes que essa lei viola, é um direito dos representados.
 A República, como modelada na Idade Moderna, é a forma mais democrática de governo. A duração limitada dos mandatos protege contra a tirania. A limitação da participação popular à eleição de representantes protege contra a anarquia. O plebiscito é, desde então, a maior ameaça. Porque combina a dificuldade de formar uma maioria de eleitores esclarecidos com a possibilidade de delegar poderes abusivos. A lei da Ficha Limpa é um exemplo de imposição plebiscitária.
Na democracia plebiscitária, uma maioria eventual pode, não só espoliar minorias, como, também, instalar a tirania. Na democracia representativa em que vivemos, só há eleição majoritária para os cargos máximos do Executivo, com a possibilidade de reeleição limitada. Quanto mais limitada for essa possibilidade, melhor.
A democracia vive na corda bamba. O que se tem, na História, é um equilíbrio instável. A reação aos abusos no poder conduz à anarquia, que é o caminho de volta para uma tirania mais poderosa. Mas, enquanto isso, cresce lentamente a noção de que o cumprimento das limitações constitucionais dos governantes não visa só a proteger as liberdades individuais, mas, antes de tudo, a evitar os graves prejuízos ao interesse coletivo que autoridades absolutas sempre acabam por produzir.
O processo eleitoral é viciado pela demagogia e a corrupção da Imprensa facilita as reeleições. Para se fortalecer, nossa democracia ainda carece de instrumentos efetivos de contenção dos maus governantes. Nesse contexto, é melhor termos maus candidatos de oposição do que nenhuma ameaça de mudança. Para que presidentes tenham medo de ser presos, presos devem poder voltar a ser presidentes.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Vandalismo

Segundo tese da sociologia tupiniquim que vi exposta hoje em um dos nossos grandes jornais, o vandalismo dos torcedores que na noite do último jogo do Flamengo criavam conflitos para cercar idosos e roubavam atropelados caídos no chão seria uma resposta do nosso povo à selvageria com que nossos governantes o espoliam.
Lembro que, nos quebra-quebra que precederam o golpe de 2015, também se tentava legitimar o vandalismo dos que destruíam vidraças para saquear lojas como fruto da indignação diante dos crimes revelados aos procuradores da Lava-Jato.
Pra mim, o buraco é um pouco mais embaixo. Concordo que ladrões a gente encontra em toda parte. Não se pode, entretanto, deixar de ver que a reação indignada a terem sido flagrados criminosos no partido em que se tinham concentrado as esperanças de moralização da política foi explorada, simplesmente, para permitir a tomada do poder pelas forças mais corruptas e reacionárias da nossa política.
Quando isso aconteceu, vimos essa mesma sociologia de botequim sustentar que o país passara a ser governado pela elite econômica, contra a qual a única esperança tornava a ser a revolta popular. Com isto eu já não concordo, novamente. Não foi a elite econômica, mas, a parcela mais atrasada da oligarquia que tomou o poder.
Quando ela procura travar o progresso social anulando conquistas dos aposentados do serviço público, não há porque devamos supor que essa é a vontade de todo o empresariado. Ao mesmo tempo em que ela consegue, espertamente, dividir os trabalhadores, explorando a inveja dos que não tem aposentadoria integral, é preciso que os trabalhadores consigam perceber que os empresários que valorizam o trabalho e protegem o meio ambiente também estão sendo dizimados por essa suposta elite que odeia a competição, o mérito e a qualidade.
 A barbárie perpetrada em torno de um jogo de futebol não é resposta a nada. É a mesma barbárie que domina a política e a economia. E é ela mesma o inimigo a combater. A luta do povo por direitos sociais, políticos, econômicos e culturais é uma só. O emprego de qualidade, a democracia republicana, a livre concorrência e a lealdade no esporte só podem ser conquistados pacificamente.

Na política, nossa única arma continua sendo o voto. Votando para prestigiar programas partidários e espírito público. No campo social, voto por mais verbas para educação e saúde. No campo econômico, por menos verbas para proteger interesses dos poderosos. Na cultura, entre outros fins, por uma Imprensa preparada para diferenciar amor ao clube de facciosismo.