É hora de aceitar com resignação e amor
mais quatro anos de atraso. E esperar que as limitações intelectuais e
vulnerabilidades morais do presidente eleito não o impeçam de levar seu mandato
até o fim.
Marina conseguiu dar divulgação a alguns
projetos simples: o da energia solar, o dos cientistas estrangeiros, bolsas de
estudos no ensino médio, limites à reeleição! Quem vencer poderá aproveitá-las.
E temos de festejar porque, apesar de tudo, com mais uma rodada de
eleições a prática do debate de ideias sempre ganha algum espaço.
Junto com a gente, foi derrotado o
Establishment. A Imprensa teve sua pretensão de isenção ridicularizada pela
ausência no grande debate do candidato que ao mesmo tempo fazia campanha sozinho
no canal que o apoiava. Os grandes partidos começaram a derreter quando, não
contentes com o gigantesco fundo eleitoral que se deram, ainda foram brigar pelo
quinhão do Centrão. O Judiciário foi derrotado pela tentação do poder: em vez
de admitir a inconstitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, preferiu valer-se
dela e acabou transformando um símbolo da corrupção mais vergonhosa em símbolo
de resistência democrática.
A vitória nas urnas geralmente premia a
mais torpe campanha. Mas, costuma poder ser associada ao apoio de algum setor
importante da sociedade. Desta vez, ao contrário, só se vê rejeição aos vencedores.
O Brasil terá um presidente espantosamente fraco. É preciso que os sensatos se
unam para evitar o pior. A Imprensa, o Supremo, os políticos de tradição,
estonteados pela derrota nas urnas, poderão, como meio século atrás, ceder à
tentação do “endurecimento do regime para restaurar a ordem”.
A democracia é frágil e, com frequência, o
governo cai nas mãos de malfeitores. Mas, mesmo frágil, a própria democracia
acabará por derrotá-los. Ainda que não estejamos mais aqui para comemorar. O
primeiro dever dos democratas é pugnar por eleições mais limpas, mesmo que
nunca o tenham sido nem nunca o venham a ser.
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