Winston Churchill disse uma vez: “The best argument against democracy is
a five-minute conversation with the average voter”. Isto não o impediu de
dizer, noutro momento: “Democracy is the worst form of government,
except for all the others”.
A coisa é simples. Se temos necessidade de governantes, temos
necessidade de limitar seu poder.
A escolha do regime democrático é uma escolha de compromisso. Abrimos mão de
escolher os melhores governantes, em troca do poder de, de tempos em tempos,
substituir os que são escolhidos. A grande virtude da democracia é a
alternância dos partidos no poder. Não se espere do eleitorado a capacidade de
escolher o que é melhor para o povo. O importante é que a existência de
eleições constitua uma ameaça séria de deposição para os governantes de cada
dia.
Com
o desenvolvimento do marketing político e do caixa 2 eleitoral essa virtude
capital da democracia se perdeu, no Brasil. As empreiteiras, os barões da
propaganda e seus parceiros estão no poder há um século.
Uma
onda internacional levou os últimos governos a aprovar uma legislação anticorrupção
que, aplicada com rigor pelo Poder Judiciário, está levando alguns poderosos à
cadeia. A competência da Polícia e do Ministério Público é limitada e só o
tempo dirá até que ponto eles serão capazes de aplicar eficientemente
instrumentos como o da delação premiada. De qualquer modo, nossos políticos
estão se vendo diante do risco de punições severas, se a democracia começar a funcionar. Perder a próxima
eleição pode passar a envolver o risco de ter os seus crimes de corrupção apurados
e punidos sob um governo hostil. Contra essa ameaça, eles tentam unir-se.
Eles estão ocupados em realizar as mudanças no Poder Judiciário de que
necessitam para safar-se agora, mas, com o tempo, desenvolverão formas mais elaboradas de receber suas propinas. E, principalmente, em algum tempo, recuperarão a
concentrarão de poder que lhes permita preservar a leniência dos sucessores
para evitar que a corrupção seja esclarecida. Mais importante que castigar os
que foram pegos neste momento de transição é aproveitar sua fraqueza eventual para fortalecer a democracia.
A
Reforma Política, sendo realizada pelos eleitos, dificilmente ampliará as
chances de vitória das oposições. Entretanto, podemos explorar conflitos de
interesses. A ampliação das inelegibilidades aos ministros e secretários pode
contar com apoio de congressistas. A criminalização do financiamento das
campanhas pelos proprietários e dirigentes das empresas com contratos com o
governo e pelos seus “laranjas”, também, quem sabe?
Mais
importante que tudo continuo achando que é o fortalecimento dos partidos. O fim
das coligações e o voto em lista podem ser aprovados por, acidentalmente, satisfazer
algum interesse eventual de políticos ameaçados. Precisamos que sejam aprovados,
não pelo bem dos maus políticos, mas, pelo da democracia.
A
opção é esta, entre defender a democracia com unhas e dentes ou permanecer sob
um daqueles outros regimes a que Churchill se referia.
"A coisa é simples. Se temos necessidade de governantes, temos necessidade de limitar seu poder."
ResponderExcluirO caso brasileiro é único. Fora do Brasil, os salários dos deputados não são maiores que a maioria da população. Deputados não podem aumentar seu próprio salario; ganham aumentos somente no caso da re-eleição. Coligações são contra lei. Deputados perdem mandato se for servir como ministro ou em outros cargos. No final, os deputados se protegem bem contra a saída da vida publica, e a posição do eleitor é cada vez mais fraca e sem futuro.
Interessante o subsídio dos deputados crescendo em caso de reeleição...
ExcluirSó vamos começar a corrigir este país quando encararmos de frente as deficiências éticas e morais do nosso povo.
ResponderExcluirAs pessoas éticas não se apresentam para exercer cargos públicos ou de interesse comum. Observe as eleições para síndico em nossos prédios.
Fato é que se os homens de bem não se apresentam, o espaço passa a ser ocupado por pessoas menos preparadas.
Forte abraço.
Há um outro aspecto, tão importante quanto o senso de responsabilidade, que só se conseguirá criar com um longo trabalho de educação, o amor à verdade. A curiosidade científica, desenvolvida na escola desde cedo, acredito que formaria pessoas mais difíceis de serem enganadas e de serem capazes de querer enganar os outros. Isto é que poderia trazer a mudança radical nos nossos costumes políticos com que sonhamos.
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