Passaram do limite! Não é só do Vasco da Gama, patrimônio
cultural do povo brasileiro, que estão escarnecendo. É na democracia, há muito
vilipendiada pela FIFA e a CBF, que desferem mais este golpe.
Depois de duas negativas sumárias, o Presidente do STJD da
CBF resolve abrir mão da sua prerrogativa e submeter ao Plenário o pedido do
Vasco. Quando? Ao final de uma sessão em que, depois de muitas horas de
pitorescos pronunciamentos, tinham concluído a absurda entrega ao Fluminense da
vaga ganha no campo antes da última rodada do campeonato pela Portuguesa. Então,
em poucos minutos, por unanimidade, deliberaram que contra o Vasco deveria
prevalecer o resultado do campo. Resultado de um jogo em que tirar o time de
campo era expor jogadores, dirigentes e torcedores do Vasco à morte.
O que o Vasco pedia? Que fosse anulado um jogo paralisado
por tempo superior ao permitido na regra, um jogo interrompido pela pancadaria,
ao qual a Torcida Organizada do clube mandante avisou que mulheres e crianças
não deveriam ir, para o qual o clube mandante limitou ao máximo a venda de
ingressos para torcedores do Vasco - mais popular no Estado - e no qual assumiu
as funções de policiamento em lugar da segurança pública, um jogo no qual a
delegação do Vasco assistia o jogo em camarotes cercados pela torcida do
oponente.
Este mesmo clube mandante, o Atlético-PR, orgulha-se de ter
sido o primeiro a conseguir, em 2012, do mesmo Tribunal, que um atleta punido
por uso de droga proibida tivesse a pena reduzida à metade. Depois dele, outro
atleta obteve o mesmo benefício. Que clube defende? O Fluminense.
Mas não é o favorecimento a este ou àquele que está em
causa. A Imprensa já tinha antecipado o veredicto do rebaixamento do Vasco. Mais
do que fazer justiça ao Vasco neste caso, o que é preciso é romper a ostensiva
propaganda que o Futebol faz desavergonhadamente do mais hediondo dos regimes
civis, a demagogia.
A autoridade absoluta de árbitros e tribunais não resulta
apenas no favorecimento aqui e acolá de um clube e outro. A humilhação do Vasco
da Gama e da Portuguesa de Desportos é repetição de um sacrifício permanente da
dignidade do povo brasileiro no altar da demagogia.
Os torcedores do Vasco devem provocar a manifestação do
Ministério Público da União nesta oportunidade não somente para reintegrar o
clube afastado da série A por essa injustiça, mas, principalmente, por medidas urgentes
em defesa da democracia no futebol.
Pelo menos duas alterações devem ser obtidas antes que os gastos
bilionários com a Copa do Mundo no Brasil sirvam apenas para nos encher de
vergonha. A primeira, a revogação da suposta incomunicabilidade do árbitro, que
a FIFA diz desejar sujeito apenas ao clamor da torcida. O juiz tem de ter o
direito de rever as gravações dos lances duvidosos - gravações hoje rapidamente
disponíveis - antes de decidir. Depois do flagrante do Edilson, sustentar a
infalibilidade de sua excelência é apologia ao autoritarismo e ao engodo dos
cidadãos.
A segunda é a inclusão nos tribunais e demais comissões da
CBF de uma maioria de atletas e ex-atletas em substituição aos notáveis que
hoje estão lá para sacrificar a Justiça à sanha dos clubes mais populares.
Os torcedores do Vasco já mostraram que são
capazes de acompanhar seu time na série B ou onde quer que seja atirado.
Com os seus dirigentes usados como símbolo da incompetência e corrupção que
infestam o futebol, com sua torcida punida como a responsável por toda
violência em torno do campo, o time do Vasco continua praticando em campo um futebol
que os enche de orgulho. O que os leva hoje à luta não é um clube, é o futebol
e o direito do povo brasileiro a que em seu esporte preferido prevaleçam a Justiça
e a Lealdade.
Estou processando o Atlético.
ResponderExcluirComo vc disse, o clube mandante limitou ao máximo a venda de ingressos para torcedores do Vasco - mais popular no Estado - e colocou a diretoria do Vasco em 2 camarotes cercados pela torcida do oponente.
Fui até lá para assistir futebol. Paguei R$ 100 por um ingresso. Só dos vascaínos eles arrecadaram mais de 300 mil.
O ataque da torcida deles foi premeditado.
E no final, São Januário foi punido...
Somos o país do futebol. O futebol, ao mesmo tempo em que mascara, revela o que somos. Gostaria que o Brasil aproveitasse a Copa do Mundo aqui em ano eleitoral para enfrentar essa nossa queda pela empulhação.
Excluir