O FUTURE-SE reúne um conjunto de iniciativas que devem ser apoiadas. Merece ser aperfeiçoado.
O objetivo de fomento à pesquisa e à inovação tecnológica, no âmbito do Ministério da Educação, entretanto, me parece prescindir de mudança na estrutura de gestão das IFES. Há formas mais simples de favorecer a aproximação entre a pesquisa acadêmica e a inovação nas empresas. Nas áreas em que uma as duas é forte, a outra acaba por fortalecer-se, desde que se eliminem as barreiras criadas para proteger a incompetência.
A política de ampliação do apoio das universidades à inovação nas empresas deve ser desenvolvida no âmbito do Ministério da Ciência. O Ministério da Educação deve apenas zelar para que obstáculos burocráticos não dificultem esse apoio. Por exemplo, a aprovação de projetos de pesquisa e extensão deve ser atribuição dos Departamentos e deve ser restrita aos aspectos científicos dos mesmos. Não deve incluir a análise financeira. As empresas não devem ser obrigadas a divulgar antecipadamente os valores que pagarão aos professores. Esses valores poderão variar em função dos resultados obtidos. Não se deve esperar grandes produtos da pesquisa aplicada e inovação se o seu pagamento é pré-fixado.
Por outro lado, no estrito âmbito da Educação, podem ser criadas políticas para ampliar substancialmente o papel das universidades públicas. As IFES podem ser usadas para suprir as deficiências da formação oferecida nos três níveis da educação em um programa universal de completamento permanente educação, cuja urgência e importância são máximas. Esse programa, de ensino à distância, incluiria, de um lado, a requalificação permanente dos profissionais formados e, de outro, a correção da formação básica nos níveis do ensino fundamental e médio. Teria o apoio dos professores universitários se sua participação nos mesmos tivesse seu valor reconhecido. Uma forma de oferecer tal reconhecimento seria incluir nos instrumentos de avaliação usados para as progressões na carreira docente a avaliação objetiva dessa participação. Somente uma pequena proporção dos departamentos, classificados como de pesquisa pela participação de seus professores em projetos de pesquisa bem avaliados pelo CNPq, teria seus docentes avaliados pela sua produção científica. Todos os outros seriam avaliados pelos resultados da sua participação nos cursos da IFES e no programa universal de completamento permanente da educação.
Complementarmente, a participação discente nesses programas deveria ser estimulada por bolsas de estudo que seriam o embrião de um futuro programa brasileiro de renda mínima universal.